sexta-feira, 17 de abril de 2009

O FIM DA CRISE


“Disse [Sara] a Abraão: Rejeita esta escrava e seu filho” (Gn. 21:10)

“Pareceu isso mui penoso aos olhos de Abraão” (Gn. 21:11)

“Disse, porém, Deus a Abraão: Não te pareça isso mal por causa do moço e por causa da tua serva” (Gn. 21:12)

“Rejeita essa escrava e seu filho”  

Ismael era filho de uma egípcia, e tinha, aproximadamente, dezessete anos no tempo em que Abraão faz uma festa para celebrar o desmame de Isaque. Presumo que Isaque tinha, nesta ocasião, a idade de três anos, por ser este, tradicionalmente  em Israel, o tempo para o desmame de uma criança.

A idéia presente no texto é a de lançar fora com violência. A expressão que temos no inglês é ‘cast out’ que significa expelir de uma comunidade ou um grupo; forçar a sair.

A razão pela qual Ismael foi despedido com pão e água, foi porque foi surpreendido zombando  do seu irmão mais novo. Fazendo alusão a este mesmo ato, Paulo, em Gálatas 4:29 diz que ‘o que nasceu segundo a carne’ – Ismael – ‘perseguia ao que nasceu segundo o Espírito’.

A postura firme e irredutível de Sara vem como conseqüência natural do que ela vê, como lemos no versículo 9 (Gn. 21): ‘Vendo Sara que o filho e Agar, a egípcia, o qual ela dera à luz a Abraão, caçoava de Isaque’. Ela viu o filho da promessa sendo maltratado pelo filho da escrava. O que era nascido do Espírito sendo maltratado pelo que era nascido da carne. A indignação de Sara foi tamanha que nem sequer ela menciona o nome de Ismael. O que se registra é a sua condição: ‘filho da egípcia’.

É possível afirmar que esta situação foi provocada por Ismael, mas, indiscutivelmente,  cedo ou tarde este conflito surgiria. Aqui estamos diante de um quadro profético. O que Deus disse a Abraão em Gênesis 15:13 (a tua posteridade... será reduzida à escravidão e será afligida por quatrocentos anos) é aqui sinalizado. A aflição que viveria a descendência de Abraão em tempos posteriores, estava sendo prenunciada pelos maltratos de Ismael – o filho da egípcia.

Mas Abraão não viu este quadro. A idéia apresentada por Sara não foi nada simpática, pelo contrário, causou profunda dor no coração de Abraão. A sobriedade do patriarca estava comprometida pelo sentimento. Ismael era filho. E antes da chegada de Isaque, a atenção e o amor de Abraão eram para ele. Isso sem deixar de mencionar a sensação desagradável que é lançar fora um filho. O que Abraão ainda não tinha percebido era que Ismael tinha que ser forçado a sair do quadro profético que só comportava Isaque.

Quando Deus manifesta a Sua vontade a Abraão Ele conforta o coração de Abraão, fazendo-o saber que de Ismael Ele faria, também, uma grande nação, mas confirma a palavra de Sara. Diante dos conflitos e das dúvidas que Abraão estava experimentando, a voz de Deus entra no cenário fazendo cessar a sua crise.

Os conflitos dos homens sempre encontram o seu fim quando a vontade de Deus é revelada.